O inevitável adeus de Aline

De passinhos curtos, firmes e com um sorrisinho no rosto, o filho de Aline passeia incansável pelo corredor e salas vestindo um boné e camisa azul. Sim, o menino cresceu. O tempo passou e é chegada a hora de mãe e filho dizerem adeus ou quem sabe até logo.
Condenada há seis meses por tráfico de drogas, Aline, vinda da Serra Gaúcha, para a penitenciária Madre Pelletier, onde recebeu atendimento Pré Natal, foi transferida para Guaíba após desavença com outra prisioneira que além de ameaças pessoais ‘jurou’ seu bebê.
“A realidade das cadeias mistas é bem diferente do que se imagina. Cadeia tem arma, faca, facção. Quem manda é o detento. As ameaças entre presas envolvem até crianças e como saber se estamos seguras? Hoje, a mulher que nos intimidou está aqui. Isto me preocupa”, desabafa a apenada de 37 anos.
Para Aline, os dias tem sido diferente. Até o fechamento dessa matéria, o menino terá ido viver com o Pai, enquanto ela permanecerá cumprindo os oito meses que restam para o fim da sua pena: “Tenho esperanças de sair antes. Hoje em dia, existem vários recursos que possibilitam isto, inclusive o uso de tornozoleira”. Fala
Sobre a partida do filho, ela confessa que os dias que antecedem não tem sido fáceis: “Não tenho dormido a noite ele também não, parece que entende o que vai acontecer. Passa as mãozinhas no meu rosto, me olhando dentro dos olhos. Sei que ele vai estar bem cuidado lá fora, mas sentirei muito sua falta”.
A saída do menino representará sua volta para as galerias, universo ao qual terá que se readaptar, mas Aline busca serenidade no desejo de também ir embora e recomeçar.
“Com um filho pequeno nossa visão do mundo, muda. É tudo diferente. Hoje, tudo que eu quero é seguir minha vida. Conseguir um trabalho, enfim, quero fazer tudo diferente”. 

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