Queermuseu e sua repercussão na mídia nacional e internacional

Por Vinny Vanoni

O cancelamento prematuro da exposição Queermuseu devido as acusações de incitar a pedofília, blasfêmia e zoofilia, que estava em cartaz no museu do banco Santander, o Santander Cultural em localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul no último dia 10 de Setembro, gerou as mais diversas reações no público e diferentes repercussões na mídia tanto nacional quanto internacional. Dentro do território nacional houve notificações jornalísticas dos mais diferentes veículos e suportes, alguns falando sobre o ocorrido, outros defendendo o lado das críticas ou da defesa, além das manifestações artísticas e de artistas de todo o Brasil.
Os veículos que realizaram uma ou mais matérias sobre o cancelamento da mostra são:
- Zero Hora
- Correio do Povo
- O Sul
- Sul21
- UAI (Belo Horizonte)
- Terça Livre (Paraná)
- Pernambuco.com
- O Globo (São Paulo)
- Gazeta do Povo
- Diário do Centro do Mundo (DCM)
- O Povo
- El País Brasil
- Blasting News
- Revista Galileu
- Revista Época
-Revista Exame
Internacionais:
- Washington Post
- New York Times
- The Guardian
- ArtReview Asia
Correio do Povo:
“Não há referência à pedofilia, diz promotor da Infância e Juventude sobre Queermuseu“.
O foco adotado pelo Correio do Povo foi por vias legais, através do Promotor da Infância e Juventude, Júlio Almeida, referente à entrevista concedida para a Rádio Guaíba, no qual diz que “não há nenhuma referência à pedofilia” referindo-se a exposição Queermuseu.
Juntamente com a coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Família e Sucessões, Denise Villela, visitaram a exposição e consideraram que apenas quatro ou cinco das mais de 260 obras expostas no Santander Cultural não seriam apropriadas para crianças e adolescentes, mas fora isso, não há nada que se configure em pedofilia.
E complementa; “Pedofilia por definição legal, é a utilização de criança e adolescente em cena, reprodução sou simulação de sexo explícito ou exposição da genitália da criança e adolescente. Isso não existe na exposição. Pedofilia não acontece”.
O Sul:
Santander cancela “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” após protestos.
A exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, com curadoria de Gaudêncio Fidelis que entrou em cartaz no dia 15 de Agosto, no Santander Cultural, Centro de Porto Alegre, foi cancelada neste domingo (10). As obras que abordam questões de gênero e diferença, ficariam expostas no espaço até dia 8 de Outubro, mas após críticas de internautas, a instituição decidiu cancelar a exposição. Colocou ainda a nota do próprio Santander sobre a decisão tomada.
Site UAI:
Se diferenciou de uma grande maioria por abordar o assunto centrando as informações em uma informação de que talvez haveria chances da exposição ir para Belo Horizonte (Mais tarde se descartou a ideia) após seu cancelamento em Porto Alegre.
“Cancelada após protesto no Sul, mostra ‘Queermuseu’ pode vir para BH”. A possibilidade foi levantada em uma conversa entre um amigo em comum do curador Gaudêncio Fidelis e o Secretário Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, que vê com “bons olhos” a exposição, afirma em uma entrevista ao Estado de Minas. Mesmo que, segundo o secretário Ferreira, Belo Horizonte esteja vivendo um clima de liberdade, não se podia afirmar nada ainda, pois existem alguns fatores a se considerar como:
“Quanto iria custar trazer uma exposição desse porte para a cidade e seria necessário encontrar investidor e patrocinador, além de um espaço cultural para abriga-la”.
O UAI traz ainda a informação de que o sociólogo e ex-Ministro da Cultura dos governos Lula e Dilma defendeu a exposição nas redes sociais e afirmou que: “Diante de qualquer tentativa de censura o que se pode fazer é não ceder” e que considera lamentável que. “No Brasil, ainda sejam praticados atos autoritários de interdição a obras de arte e a outras formas de expressão baseadas na opinião de grupos moralistas, sectários e fundamentalistas”. O Santander Cultural descartou a possibilidade da mostra ir para Belo Horizonte através do patrocínio do banco ou do museu.
Já o site Terça Livre foi o que teve a reportagem mais pobre, jornalisticamente falando, já que fundamentou quase toda sua matéria em cima do vídeo gravado por um advogado de passo Fundo que viralizou nas redes sociais, mostrando as imagens, algumas delas, dentro do museu, com o título de:
“Santander Cultural investe quase Um Milhão de reais com Lei Rouanet em exposição que faz apologia à Pedofilia”.  A própria matéria diz “conforme divulgada em várias páginas nas redes sociais” e ainda escreve de forma curta sem desenvolver muito o assunto, “Segundo o Ministro da Cultura, o banco Santander investiu quase Um Milhão de reais, usando benefícios fiscais da Lei Rouanet, na criminosa exposição Queermuseu, sediada no prédio da Fundação Santander Cultural na cidade de Porto Alegre. Entre as ditas obras expostas no lugar, sob o pretexto da defesa dos direitos dos homossexuais, vê-se imagens que configuram os crimes de apologia à pedofilia e ultraje a fé cristã”.
Diário de Pernambuco:
O foco foi nos artistas e personalidades que foram a favor ou contra o fechamento da exposição, dentre eles; Olavo de Carvalho, Cixo Sá, Ronald (Não é o McDonalds) Rios, Roger Rocha (da banda Ultraje a Rigor), Rita Lisauskas, Marcelo Tas. Na parte de repercussão, fala dos movimentos da MBL e do Ato pela Liberdade de Expressão Artística e Contra a LGBTfobia.

Jornal Zero Hora:
Fez algumas matérias, em torno de 3 a 4, e uma delas fala das obras e seus significados, além de mencionar o impacto do evento de fechamento da exposição em jornais estrangeiros, o Washington Post e o New York Times, em que ambos se utilizaram de um texto que se refere ao caso como uma ‘exposição de arte sobre diversidade de gênero cancelado em resposta a uma campanha de grupos conservadores’, assinado pela agência de notícias Associated Press que será abordado também pelo jornal O Globo. Comenta ainda sobre o site ArtReview Asia, um dos mais importantes portais especializados em arte do mundo, em que destaca que a exposição incluía obras de 85 artistas brasileiros, alguns deles com grande importância dentro do universo das artes.
El País Brasil:
O jornal fez uma entrevista com o Doutor em Estética e Filosofia da Arte, Cássio Oliveira, que não pareceu muito surpreso com o resultado das movimentações que acarretaram no cancelamento da mostra. Para ele, o fechamento prematuro ocorreu devido o contexto de pouco apreço em que vivemos atualmente e que ameaça o poder transgressor da arte. Entrevista completa no link abaixo: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/14/politica/1505394738_622278.html
Jornal O Globo:
Focou sua matéria em desmentir a informação de que uma das obras da exposição Queermuseu permitiria crianças tocarem em suas genitais, na qual a obra consiste em duas roupas, ligadas por um cano e seis aberturas para que se toquem um ao corpo do outro, denominada de “O Eu e o Tu: série roupa-corpo-roupa” (1967) da artista brasileira Lygia Clark e na repercussão internacional, conforme texto abaixo :
O jornal britânico "The Guardian" publicou, nesta terça-feira, que uma "tempestade sobre liberdade artística e censura irrompeu no Brasil" depois que a exposição foi cancelada devido a uma "campanha da extrema direita". O veículo publicou ainda que manifestantes do MBL, apoiados por cristãos evangélicos, acusaram a exposição de promover blasfêmia, pedofilia e bestialidade, acusações negadas pelo curador da mostra.
Já o tradicional jornal americano "The New York Times" citou a nota publicada pelo banco Santander e o movimento de críticos que acham que o cancelamento da exposição não é o suficiente — já que a mostra foi financiada por incentivos fiscais — e querem que o banco devolva R$ 800 mil captados via Lei Rouanet.
"Ninguém do banco soube explicar claramente qual era o objetivo de uma instituição privada e capitalista em promover uma exposição de extremo mau gosto", disse o deputado Marcel van Hattem.
O americano "The Washington Post" também abordou o movimento que pede a devolução dos incentivos fiscais e mencionou o protesto marcado para esta terça-feira por apoiadores da exposição que consideram o cancelamento uma afronta à liberdade de expressão. O jornal citou ainda o posicionamento do Secretário de Cultura de Porto Alegre, Luciano Alabarse, que considera o fechamento da mostra "uma perda para todos".
Sul21:
Matéria sobre a reativação do Tumblr de mesmo nome e que inspirou a produção da obra “Criança Viada”, após o cancelamento prematuro da exposição.
Gazeta do Povo:
Publicou algumas matérias logo após o ocorrido, concordando com o fechamento e demonizando a exposição, porém, uma última matéria abordou o assunto de uma forma mais imparcial o ocorrido, trazendo informações de ambos os lados, o das críticas e o da defesa à exposição.
Links das matérias iniciais:
G1:

Porém, toda esta movimentação acabou gerando um projeto para gerar uma classificação de idade regulamentada para exposições em museus, já que até agora, o que existe é um senso comum entre museus de colocar classificação etária em exposições. O projeto é do deputado Lucas Redecker (PSDB): "Nós não estamos classificando o que é arte. Mas que o cidadão saiba o que vai encontrar." 

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