Os movimentos e opiniões do jornalista Carlos Guimarães
A experiência vivenciada dentro de uma redação de rádio é
bem intensa, as pessoas não param por muito tempo nos mesmos lugares. Soma-se a
isso, as responsabilidades, opinião, uma gentileza nada aparente, mas muito
real, e teremos um pouco de Carlos Guimarães, jornalista da Rádio Guaíba. O "Projeto Sombra" consiste em acompanhar por, no mínimo duas horas, um jornalista na sua
rotina e entrevistá-lo.
“Nunca fui um cara de muita informação, talvez por ter sido mais produtor e ter um maior sentido de organização do macro, de uma estrutura, de um departamento. Fui coordenador em outras emissoras, coordenador de jornadas da Gaúcha, coordenador de esporte na Bandeirantes, por um bom tempo inclusive. Então, essa ideia de macro, de como funciona uma rádio que faz jornalismo esportivo é mais a minha praia”, disse o entrevistado.
Naquela tarde de sexta-feira de novembro (10) houve uma imersão na redação de rádio, entre seus estúdios e na observação dos profissionais em ação. O dinamismo do ambiente não é sutil, por tanto, é necessário estar atento para, no mínimo, não atrapalhar. Apesar da intensidade dos movimentos, as pessoas são atenciosas, respeitosas e dispostas a ajudar ou orientar umas as outras no que for necessário.
Guimarães permitiu acompanhar uma parte do seu trabalho, deu uma entrevista exclusiva e na esteira desse projeto, pude vivenciar uma tarde no seio do jornalismo. Uma das melhores experiências desse semestre. Também ocorreu a primeira desestabilizada da profissão, quando percebi a ausência da bateria na câmera fotográfica que seria utilizada.
Na condição de coordenador, Carlos precisa tomar decisões importantes enquanto se mantém atento aos fatos da dupla Gre-Nal. Cada passo na redação vai em direção a alguém para resolver alguma coisa. Quando foi a sua mesa, onde havia um computador, utilizou o celular de forma rápida e objetiva. O planejamento da equipe esportiva é de sua responsabilidade e com ela está sempre em contato. Senta, levanta e caminha tantas vezes que, registrar algumas imagens foi bem complicado.
Sua experiência no esporte o levou de volta a academia e atualmente desenvolve uma dissertação de mestrado. O tema do estudo na academia: “É sobre o comentarista esportivo no rádio de Porto Alegre”, disse. Os resultados da pesquisa começam a ter efeito, e já passam a influenciá-lo na forma de se comunicar com o público.
“Antigamente a linguagem era outra, agora ela adota termos como amplitude, intensidade, compactação, terço final, mapa de calor, entrelinha, etc. Achei que era esse o caminho, até que, comecei a perceber conversando com torcedores e observando quem faz isso, que estamos no meio de comunicação de massa. Acho que a linguagem pode se transformar, mas não no facão, não forçado, não imposta. Ela deve se transformar como qualquer movimento cultural. Os movimentos culturais se transformam a partir de processos que são dinâmicos, ou seja, vem entrando aos pouquinhos paralelamente a algo já existente para tomar a frente e o que existia vai se dispersando aos poucos. Não é quebrando, é bem progressivo e demorado.”
Carlos acredita ter maior penetração no público mais jovem devido ao modo de como interpreta o jogo. Sua bandeira é a de uma análise mais tática, de desempenho do time, das “questões mais científicas”, alega. “Análise é diferente de opinião. Análise parte de um determinado viés, geralmente científico, alicerçado em um pensamento já existente. Já a opinião se forma a partir de um conjunto de crenças, de culturas, de conhecimento adquirido ao longo do tempo.” diz ele.
O comportamento de Guimarães enquanto coordenador é reflexo literal da sua definição de capital e trabalho. Há um comprometimento honesto em cumprir com os termos acordado com a instituição, sem perder a identidade.
“A função social clássica do jornalismo é necessária para nos definirmos enquanto profissão, definir o que chamam de etos, a nossa finalidade, a nossa razão de ser. Agora, nossa relação prática de trabalho é uma relação 100% capitalista e, é uma relação onde somos um produto, melhor dizendo, somos um instrumento para gerar lucro para empresa, logo somos uma marca num aspecto amplo.”
Ele também escreve textos críticos, muito mais na função de cidadão do que propriamente jornalista. Utiliza das redes sociais para dar vazão a suas manifestações de opinião e análise sobre os acontecimentos.
“Acho que a rede social tem uma função terapêutica e eu a uso para isso. É uma coisa que me faz bem.” - sobre o uso das redes.
Crítico do jornalismo, de si mesmo e dos colegas, não se priva de opinar e ao fazê-lo realiza parte de sua função sem ignorar o censo comum. “Acho que o desafio não é fugir do senso comum, o desafio talvez seja fugir do processo, cada vez maior, de massificação, industrialização, pasteurização e padronização do jornalismo. O processo de entrar por um viés que não seja mecânico, onde se trabalhe só o factual” - ponderou.
O entrevistado se considera um debatedor por natureza e não se esquiva de uma discussão saudável. Entende a exposição como uma consequência da atividade que deve ser exercida, com a devida cautela, mas sem medo.
“Eu acho que jornalista deve se posicionar cada vez mais. Entendo o rótulo de formador de opinião, até porque estudei sobre isso, mas o rejeito. Existe a condição de quem está no meio da comunicação de massa, e possui a ideia da formação de opinião ou dá influência da opinião. Eu não tenho essa pretensão, não quero formar e nem influenciar a opinião de ninguém”.
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“Nunca fui um cara de muita informação, talvez por ter sido mais produtor e ter um maior sentido de organização do macro, de uma estrutura, de um departamento. Fui coordenador em outras emissoras, coordenador de jornadas da Gaúcha, coordenador de esporte na Bandeirantes, por um bom tempo inclusive. Então, essa ideia de macro, de como funciona uma rádio que faz jornalismo esportivo é mais a minha praia”, disse o entrevistado.
Naquela tarde de sexta-feira de novembro (10) houve uma imersão na redação de rádio, entre seus estúdios e na observação dos profissionais em ação. O dinamismo do ambiente não é sutil, por tanto, é necessário estar atento para, no mínimo, não atrapalhar. Apesar da intensidade dos movimentos, as pessoas são atenciosas, respeitosas e dispostas a ajudar ou orientar umas as outras no que for necessário.
Guimarães permitiu acompanhar uma parte do seu trabalho, deu uma entrevista exclusiva e na esteira desse projeto, pude vivenciar uma tarde no seio do jornalismo. Uma das melhores experiências desse semestre. Também ocorreu a primeira desestabilizada da profissão, quando percebi a ausência da bateria na câmera fotográfica que seria utilizada.
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Redação de Rádio Guaíba / Foto: Tiago Campiol |
Na condição de coordenador, Carlos precisa tomar decisões importantes enquanto se mantém atento aos fatos da dupla Gre-Nal. Cada passo na redação vai em direção a alguém para resolver alguma coisa. Quando foi a sua mesa, onde havia um computador, utilizou o celular de forma rápida e objetiva. O planejamento da equipe esportiva é de sua responsabilidade e com ela está sempre em contato. Senta, levanta e caminha tantas vezes que, registrar algumas imagens foi bem complicado.
Sua experiência no esporte o levou de volta a academia e atualmente desenvolve uma dissertação de mestrado. O tema do estudo na academia: “É sobre o comentarista esportivo no rádio de Porto Alegre”, disse. Os resultados da pesquisa começam a ter efeito, e já passam a influenciá-lo na forma de se comunicar com o público.
“Antigamente a linguagem era outra, agora ela adota termos como amplitude, intensidade, compactação, terço final, mapa de calor, entrelinha, etc. Achei que era esse o caminho, até que, comecei a perceber conversando com torcedores e observando quem faz isso, que estamos no meio de comunicação de massa. Acho que a linguagem pode se transformar, mas não no facão, não forçado, não imposta. Ela deve se transformar como qualquer movimento cultural. Os movimentos culturais se transformam a partir de processos que são dinâmicos, ou seja, vem entrando aos pouquinhos paralelamente a algo já existente para tomar a frente e o que existia vai se dispersando aos poucos. Não é quebrando, é bem progressivo e demorado.”
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Local de Trabalho de Guimarães / Foto: Tiago Campiol |
Carlos acredita ter maior penetração no público mais jovem devido ao modo de como interpreta o jogo. Sua bandeira é a de uma análise mais tática, de desempenho do time, das “questões mais científicas”, alega. “Análise é diferente de opinião. Análise parte de um determinado viés, geralmente científico, alicerçado em um pensamento já existente. Já a opinião se forma a partir de um conjunto de crenças, de culturas, de conhecimento adquirido ao longo do tempo.” diz ele.
O comportamento de Guimarães enquanto coordenador é reflexo literal da sua definição de capital e trabalho. Há um comprometimento honesto em cumprir com os termos acordado com a instituição, sem perder a identidade.
“A função social clássica do jornalismo é necessária para nos definirmos enquanto profissão, definir o que chamam de etos, a nossa finalidade, a nossa razão de ser. Agora, nossa relação prática de trabalho é uma relação 100% capitalista e, é uma relação onde somos um produto, melhor dizendo, somos um instrumento para gerar lucro para empresa, logo somos uma marca num aspecto amplo.”
Ele também escreve textos críticos, muito mais na função de cidadão do que propriamente jornalista. Utiliza das redes sociais para dar vazão a suas manifestações de opinião e análise sobre os acontecimentos.
“Acho que a rede social tem uma função terapêutica e eu a uso para isso. É uma coisa que me faz bem.” - sobre o uso das redes.
Crítico do jornalismo, de si mesmo e dos colegas, não se priva de opinar e ao fazê-lo realiza parte de sua função sem ignorar o censo comum. “Acho que o desafio não é fugir do senso comum, o desafio talvez seja fugir do processo, cada vez maior, de massificação, industrialização, pasteurização e padronização do jornalismo. O processo de entrar por um viés que não seja mecânico, onde se trabalhe só o factual” - ponderou.
O entrevistado se considera um debatedor por natureza e não se esquiva de uma discussão saudável. Entende a exposição como uma consequência da atividade que deve ser exercida, com a devida cautela, mas sem medo.
“Eu acho que jornalista deve se posicionar cada vez mais. Entendo o rótulo de formador de opinião, até porque estudei sobre isso, mas o rejeito. Existe a condição de quem está no meio da comunicação de massa, e possui a ideia da formação de opinião ou dá influência da opinião. Eu não tenho essa pretensão, não quero formar e nem influenciar a opinião de ninguém”.
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