Estudantes de Canoas vivenciam cultura indígena


Foto: Vinicius Tormann/PMC

Por: Bruno Lara

Para crianças, pais e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Rondônia, no bairro Estância Velha, em Canoas, personagens pareciam sair direto dos livros de história. Na quadra, índios da comunidade Kaingang, da aldeia Porfigá, mostraram alguns dos seus rituais, tradições e contaram a história do Brasil antes da colonização europeia.

Para o cacique Darci Rodrigues, que visitou a escola, os Kaingang entendem a importância da aproximação entre as diferentes culturas. “É importante para nós, índios, estarmos integrados à sociedade para que não sejamos esquecidos. Hoje, nossa luta não é por espaço ou por qualquer outra coisa, mas sim por direitos básicos como: saúde, educação e comida”, explicou. A troca de experiências foi completa. Os alunos foram até a aldeia, em São Leopoldo, e acompanharam um dia de atividades.

Juarez Neumann, secretário do Colegiado Municipal Afro-indígena de Canoas, acredita que ser índio é fazer parte da natureza onde habita. Batizado na aldeia Nova Empresa, as margens do rio Jordão, no Acre, pelo pajé Bane Huni Kui, conviveu por 30 dias na aldeia aprendendo sobre as tradições dessa tribo. Além disso, é batizado na aldeia Pae, no Morro do Cambirela, em Santa Catarina, pela tribo Guarani. “As experiências foram diversas, como poder viver dentro das tradições indígenas, trabalhando, me divertindo, participando de rituais e cerimônias diversas, sempre respeitando as tradições”, comenta.

Segundo ele, há uma grande diferença entre o que se vive na sociedade urbana e as tribos. “Os índios tem uma cultura muito diferente, um respeito incondicional aos mais velhos e não compreendem termos como ostentação. Em tudo o que fazem há significado e propósito”, ressalta.

Foto: Vinicius Tormann/PMC

Diversidade

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mais de 817 mil índios habitavam o país, com 350 etnias diferentes. Isso significa mais de 4% da população de todo o Brasil. Além disso, há 77 grupos reconhecidos, mas que nunca foram contatados pelo homem branco. São mais de 274 línguas indígenas diferentes, sendo que 17,5% da população indígena não fala português.

Mas, conforme a Fundação Nacional do Índio (Funai), identidade e pertencimento étnico não são conceitos estáticos, mas processos dinâmicos de construção individual e social. “Não cabe ao Estado reconhecer quem é ou não indígena, mas garantir que sejam respeitados os processos individuais e sociais de construção e formação de identidades étnicas”.

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