HOMOFOBIA AFASTA ATLETAS DO FUTEBOL
O comportamento agressivo de jogadores homens, supostamente héteros, com seus pares, aparentemente gays, causa constrangimento e resulta em discriminação com os LGBT. Mesmo velada, a homofobia ora verbalizada, ora manifestada em forma de violência física, resulta em prejuízo psicológico e de natureza moral, uma vez que, por causa do preconceito, a pessoa homossexual deixa de praticar atividade desejada.
Foi isso que contou o jogador do time de futebol Sport Clube Pampacats, Eduardo Rocha Garcia, 25 anos, estudante de Engenharia Civil que deixou de jogar futebol por conta do preconceito. E parou de assistir aos jogos nos estádios que classifica como um “ambiente hostil aos gays”.
“Não é que a pessoa seja obrigada a me aceitar e ser meu amigo. Até porque, eu não faço questão de ser amigo de quem é homofóbico. Pelo contrário. O fato é que, a pessoa está usando de uma característica, ser gay, como um demérito, como se fosse algo ruim. E não é. É apenas uma característica.”, manifestou Eduardo.
O Pampacats é uma equipe poliesportiva organizada em Porto Alegre que além do futebol possui times de vôlei, handebol e corridas. Existe a 10 meses e já participa de campeonatos de futebol de nível nacional. Promovem jogos treinos semanalmente e confraternizações, sempre com intuito de acolher e incluir homens gays, que procuram um lugar confortável para praticar esporte.
Eduardo contou em entrevista que, ainda adolescente, foi vítima de discriminação na escola por parte de outros colegas. As manifestações preconceituosas eram muito visíveis no momento da Educação Física. Apaixonado por futebol, o jovem evitava as atividades para não sofrer com o que os colegas chamavam de “brincadeiras”.
“Eu tentava me ausentar o máximo possível da Educação Física, mas nem sempre era possível. E eu não gostava disso porque sou tri CDF. Mas, nesse caso, faltar dava uma sensação de alívio.”
Não é desconhecimento de ninguém que o clima do futebol muitas vezes é de agressividade, principalmente no profissional. Frequentadores de estádios ainda reproduzem discursos ofensivos ao gênero, mesmo com o aumento da presença de mulheres, e, a orientação sexual. Ainda que o insulto seja dito de forma genérica, ou seja, sem ser destinado a alguém específico, por conta da animosidade da partida, ele torna o ambiente desfavorável a presença de homossexuais.
O tema homofobia ainda encontra barreiras dentro do universo esportivo, principalmente no futebol, mas, alguns torcedores têm procurado falar sobre. O primeiro passo parece já ter sido dado ao admitirem a realidade desagradável dos estádios para a diversidade sexual.
“Tem preconceito no Estádio, assim, como no trabalho, em casa, na rua, em rede social. É generalizado, infelizmente. É chato a gente reconhecer, mas é necessário.”, disse Marcelo Vernieri, homem hétero, torcedor do Grêmio.
Outros amantes de futebol já se consideram inseridos em um processo de desconstrução e tem se esforçado em não manifestar discursos de ódios as diferentes orientações sexuais e expressões de gêneros.
“Já faz algum tempo que venho tentando desconstruir o comportamento machista e homofóbico que possa manifestar. Seja através da experiência com amigos gays ou pela informação que vau adquirindo.”, disse Laionel Matos, homem hétero, torcedor do Inter.
Os times gays tem crescido, não somente no Rio Grande do Sul, mas em todo território nacional, demonstrando que a comunidade LGBT está buscando seu espaço e reconhecimento. Bem organizados, a intenção é ocupar toda as práticas esportivas e diminuir, até erradicar, a discriminação com a orientação sexual e a expressão de gênero.
Assista o vídeo aqui.
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