“Quero sustentar minha família e construir minha vida. A gente trabalha pensando em construir uma vida melhor para a nossa família”


Foto: Thayná Oliveira
Texto por: Thayná Oliveira
Imigrantes vêm ao estado em busca de sustento para a família


Nas últimas semanas o governo americano, liderado por Donald Trump, vem sendo notícia por seu decreto anti-imigração, a fim de proteger os EUA de ataques terroristas, Trump vetou a entrada de imigrantes de vários países nas dependências americanas, mas o que tem chamado a atenção foi o fato de Trump estar separando as famílias que entram pela fronteira com o México. Os pais vão a julgamento enquanto as crianças permanecem em abrigos e sujeitos à adoação. Isso gerou revolta em diversos estados norte-americanos, pois acharam tamanha crueldade o que o governante estava fazendo, tanto é que Trump voltou atrás em sua decisão de separar as famílias.

No Brasil a entrada de estrangeiros é permitida por diversas razões, sendo elas: de visita, temporário, diplomático, oficial ou de cortesia. Com uma área um pouco menor que o Paraná, o Senegal alcançou a independência em 1960, colonizada pela Itália no século XIX, o que gerou conflito entre os estados europeus, as colônias africanas se transformam em tribos, e mesmo que, hoje o Senegal esteja em paz as marcas principalmente financeiras permanecem. A população senegalesa tem sua maior parte composta por jovens, já que os mais velhos morreram principalmente em conflitos. Isso explica a imigração dos senegaleses para o Brasil, pois o ganho aqui é maior do que lá.

Com bancas pelo chão no centro das cidades gaúchas, como faxineiros em shoppings ou até mesmo em açougues é que os imigrantes se sustentam, Omar Mourid, que está há quatro anos no Brasil é camelô e através desse trabalho que ele sustenta seus pais, tios, irmãos, sobrinhos e primos que ficaram no Senegal. “Quero sustentar minha família e construir minha vida. A gente trabalha pensando em construir uma vida melhor para a nossa família”, contou Omar com o seu português ainda em treinamento. No Senegal, Omar não estudou, ele trabalhava como costureiro para sustentar sua família, mas isso não o impediu de aprender outras línguas, além do olaf que é a língua oficial do Senegal, ele fala francês e arrisca o português.

A ambição do crescimento não é pessoal, ele afirma que sua intenção é ter um poder aquisitivo maior para sustentar sua família. “Aqui no Brasil as pessoas trabalham muito para conseguir algo para si, mas a gente quando vem para cá é para sustentar a nossa família”. O racismo faz parte de sua vida, Omar acredita que àqueles que são racistas na verdade são pessoas mal educadas, “Racismo é praticado por pessoas mal educadas, que não sabem tratar bem outras pessoas. Corpo preto e corpo branco são a mesma coisa. Se tu bater em homem branco ou em um homem negro, eles irão sangrar igual”. O primeiro lugar que Omar dormiu quando chegou ao Brasil, foi em um banco nas ruas de São Paulo, logo depois veio para Santa Maria e agora vive em Porto Alegre. “A recepção dos brasileiros foi muito boa, claro que tem dificuldades que passamos diariamente, mas ignoramos e seguimos”, Omar sempre muito sorridente e confiante diz que pretende voltar ao Senegal ainda este ano. “Esse ano pretendo voltar ao Senegal, ainda não tenho um dia certo, mas voltarei esse ano”. 

Eles são cheio de sonhos, metas e realizações e na maioria das vezes pensam no coletivo. Perambulam pelas cidades, vendem suas mercadorias, recebem o seu dinheiro e enviam para o Senegal, o que muitas vezes para os brasileiros não é nada para eles sustenta uma família inteira. A correria do dia a dia, os compromissos marcados de última hora não permite olhar para o lado e enxergar histórias de pessoas que buscam um futuro melhor. Pessoas que deixaram suas casas, famílias e seu país para viver em uma cultura diferente, em um país diferente, com pessoas que muita das vezes os ignoram e tudo isso pensando no coletivo. Eles são imigrantes, mas que vivem em uma sociedade que muita das vezes não é empática ao problema alheio.

Confira a entrevista completa com Omar Mourid

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