Internautas manifestam o desejo de tortura e pena de morte para o assassino da menina Naiara

Por Alexia Coelho, Lucas Garske e Tiago Campiol

O assassinato cruel da menina Naiara despertou sentimentos e desejos violentos indiferentes à justiça brasileira. Entre as manifestações haviam pedidos de tortura, pena de morte e pedidos de justiça com as próprias mãos. Além de críticas aos direitos humanos, à legislação penal e saudações a ideias de políticos como o pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro.

O levantamento feito pela reportagem analisou seis notícias a respeito do caso postadas na página Gaúcha ZH do Facebook. Ao todo foram checados 120 comentários, separados de acordo com os critérios estabelecidos pelos jornalistas. Segue abaixo uma tabela que relaciona as manifestações com suas respectivas matérias, interações (“curtidas”) e compartilhamentos.



Foram constatados comentários exigindo mudança na lei vigente no país que, não possui previsão de pena de morte, independente do crime cometido. “Aguardamos a pena de morte para esse marginal e todos os outros que praticam esse tipo de crime. Temos que lutar pela pena de morte”, comentou Aline Vaccari da Silva.

O sentimento de impunidade que assola o país tem levado as pessoas a duvidarem da justiça e principalmente da efetividade das leis. Alguns comentários sugeriram que o criminoso ficasse sujeito à “justiça popular”, sem direito a um julgamento, conforme previsto na legislação. “Justiça podre! Prisão temporária? Cela individual? Entrega ele na mão da população e deixa que a justiça de verdade seja feita. Ele merece morrer da pior forma possível”, comentou Diule Machado Kuhn.

O conturbado momento político vivenciado no território nacional tem causado distorções preocupantes de conceitos universais como os direitos humanos. A discussão rasa do tema tem provocado a emergir ideias simplórias e bárbaras, capitaneadas por políticos de grande visibilidade. “Direitos humanos para esse monstro? Não tem! Até quando, nós mães vamos ter que ver nossas crianças passarem por isso? Direitos humanos para nossas crianças e castração química para estupradores”, comentou Alexandra Ramos.

Crítico do punitivismo indiscriminado, o consultor em segurança Marcos Rolim, declarou a revista Época ser um equívoco esse movimento. "É isso que eu chamo de disposição social violenta. O Brasil vive hoje num momento histórico muito específico e, sinceramente, acho que há risco de piorar nos próximos anos. Há uma ânsia por punição física e isso está disseminado socialmente".

ENTENDA O CASO

No dia 9 de março a menina Naiara Gomes, de 7 anos, desapareceu na cidade Caxias do Sul, enquanto ia para a escola. Naquele dia, a menina saiu acompanhada de seu primo de 15 anos em direção à Escola Municipal Renato João Cesa onde estudava. Apenas dois quilômetros de distância de sua casa. No domingo (11), o primo confessou que havia mentido sobre ter acompanhado Naiara até a escola. Ele a deixou uma quadra antes do destino e que a partir dali ela teria continuado o trajeto sozinha. 

A última informação sobre seu paradeiro foi registrada por câmeras de vídeo às 7h daquele dia. Testemunhas confirmaram a filmagem e informaram terem visto próximo a ela um carro branco suspeito. Os relatos levaram a polícia a procurar pelo veículo, e consequentemente a encontrar um homem já investigado por estrupo e que viria a confessar o novo crime.

O homem de 30 anos, morador da cidade, teve prisão temporária decretada pela justiça. Após ser detido confessou que teria raptado, estuprado e assassinado Naiara. A polícia ele informou que havia deixado o corpo as margens da Represa do Faxinal, local onde realmente foi encontrado.

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