Um GreNal para todos

Foto/Divulgação: Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Texto por: Cíntia Borba/Thayná Gonçalves/Vanessa de Oliveira
Cerca de 61,5% dos torcedores da dupla GreNal que estiveram como vistantes no estádio adversário afirmam ter presenciado algum tipo de desentendimento entre torcidas, 43,8% dos torcedores encontraram como maior dificuldade de segurança a saída do estádio adversário e 75% dos participantes da enquete acreditam que o desentendimento dos jogadores em campo pode ocasionar as brigas entre as torcidas.
Em 18 de julho de 1909, foi realizado o 1° clássico GreNal em Porto Alegre, no primeiro estádio do Grêmio o Estádio da Baixada, e de lá para cá foram 415 clássicos ao total. A dupla GreNal é conhecida por ter uma das torcidas mais calorosas, devotas e que está sempre motivando o time à ir em busca da vitória. Conhecido por ser o maior clássico do Brasil e um dos maiores do planeta, o GreNal é muito competitivo, mas e quando a rivalidade deixa de ficar nas dependências do estádio e é levada para o lado pessoal? Recentemente tivemos três clássicos consecutivos pela disputa do campeonato gaúcho, onde uma das principais notícias não foi a bola que rolava em campo e sim as cadeiras que voavam na torcida.
Integrantes da torcida do Internacional e do Grêmio discutiram no 1° clássico do ano, mas a briga não ficou somente nas palavras, como também em arremessos de cadeiras, emboscada para a torcida visitante e brigas fora do estádio após o término do jogo, além de cadeiras do estádio Beira Rio terem sido pichadas com a seguinte escrita: "Fernandão morreu", torcedores responsáveis por estes atos receberam punições.
Em setembro de 2017, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou um projeto que remete a pena de 4 anos para torcedores que se envolverem em brigas nas dependências do estádio ou a um raio de 5 quilômetros de distância do mesmo.
Segundo a estudante de psicologia, Jéssica Rochele, o comportamento dos jogadores em campo pode estimular os desentendimentos entre as torcidas "Na psicologia entendemos que o ser humano é construído social e historicamente, isso significa que seu meio social também afeta sua psique. Nos casos de violência, a rivalidade é incentivada dentro e fora de campo tornando cada vez mais comum a violência como forma normalizada de torcer".
Criada em 2015, a torcida mista vem sendo uma nova forma de aproximar os torcedores da dupla GreNal e de lembra-los que a rivalidade fica dentro de campo. Conversamos com integrantes de torcidas organizadas para saber como é enfrentar de perto essa rivalidade excessiva.
"A segurança em GreNais é horrível, mas o deslocamento é tranquilo, pois vamos escoltados pela brigada militar. A torcida mista é muito boa para quem vai em família e com crianças", disse Ana Carolina Soares, 15, torcedora da Geral do Grêmio.
Do lado colorado Adair, integrante da Guarda Popular que é uma das torcidas organizadas do Internacional, relatou sua experiência no estádio adversário "A segurança é boa, mas o acesso a torcida adversária é péssima. Subimos vários lances de escadas e em alguns existe a falta de iluminação, houve um GreNal em que tivemos que prestar auxílio para uma senhora, mas o esquema de segurança é correto somos bem separados da torcida adversária desde a saída do Beira Rio até a Arena".
Mauricio, 32, presidente da torcida organizada do Internacional Camisa 12 fala sobre a torcida mista, "Por 100 anos a rivalidade existiu sem torcida mista, a torcida mista é uma saída prepotente em contra ataque à violência em grenais".
No meio jornalístico, não é adequado assumir para qual time torce, a fim de manter sua imparcialidade e credibilidade com os torcedores das duas equipes. Recentemente o jornalista Fabiano Baldasso, revelou torcer para o Internacional e de lá para cá vem se mostrando um torcedor totalmente apaixonado pelo time, mas não fecha os olhos para o que vem acontecendo.
Na opinião de Baldasso, o melhor a fazer é tomar medidas de segurança além das sócio-educativas."Parar de se preocupar com torcida mista e efetivamente tirar os vândalos, que são conhecidos por todos".
Até o fechamento dessa matéria a Brigada Militar não se manifestou.
O clima pré Grenal (21/03/2018) estava tenso, segundo o Comandante do Policiamento da Capital da Brigada Militar, tenente coronel Claudio dos Santos Feoli. O tenente juntamente com a inteligência da Brigada Militar, informaram que mensagens trocadas com marcação de encontros para brigas e até mesmo armação de tocaia foram captadas. Feoli informa que para esse jogo precisou de um contingente de 650 homens, sendo 250 do BOE (Batalhão de OperaçõesEspeciais), 40 cavalarianos e um helicóptero com câmera infravermelho e reconhecimento facial.
Já diria o slogan do Gauchão Ipiranga 2018 "Um Gauchão para todos". Não importa para qual time você torce, a rivalidade deve ser deixada em campo, afinal, antes de sermos colorados ou gremistas, nós somos gaúchos.
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